A escassez global de semicondutores e seus efeitos catastróficos no mercado de eletroeletrônicos

A escassez global de semicondutores e seus efeitos catastróficos no mercado de eletroeletrônicos

A origem

Em 2021, a indústria começou a enfrentar uma crise sem precedentes iniciada pela falta de dispositivos semicondutores (chips) aplicados em todos os equipamentos eletroeletrônicos produzidos mundialmente (chip shortage). Essa crise iniciou-se a partir do instante em que os fabricantes de chips não conseguiam mais cumprir as suas demandas. Diante do aumento acentuado na produção de equipamentos eletroeletrônicos, após uma calmaria que durou vários meses, causada pela pandemia do coronavírus. Entenda, neste artigo, quais foram os efeitos causados pela escassez global de semicondutores no mercado de eletroeletrônicos.

 

Os efeitos

A escassez global no fornecimento de matéria-prima interrompeu a produção de automóveis durante todo o ano de 2020. Em 2021 atingiu os fabricantes de eletrônicos, equipamentos médicos e outros produtos industriais. Esses últimos tiveram que adaptar a produção e rever o cronograma, por conta do aumento dos preços e da falta dos chips semicondutores.

Atualmente, no Brasil, quatro em cada dez fábricas de eletrônicos, como televisores, notebooks e celulares, já tiveram que paralisar as atividades ou sofreram atrasos na produção. Até a gigante Apple lamentou e anunciou que espera que os problemas de fornecimento se espalhem para os iPhones e iPads.

 

Os problemas

Um dos problemas da indústria é a concentração da capacidade de produção na Ásia, mais especificamente em Taiwan. Lá, somente a TSMC é responsável por 84% da produção dos chips mais modernos do mundo. Essa concentração mostra como a cadeia produtiva é frágil. No ano passado, Taiwan registrou a maior seca em 46 anos, o que fez as fábricas reduzirem a produção de chips, que utiliza muita água. 

O retrato revelado pela sondagem da Abinee mostra ainda que, como resultado da combinação de escassez, aumento das tarifas de frete, tanto marítimo quanto aéreo, e a desvalorização cambial, a pressão vinda do aumento de custo dos componentes é apontada como acima do normal por quase todos os fabricantes do setor: 93% dos entrevistados.

 

O caminho para a normalidade

Enquanto a demanda continua superando a oferta, os fabricantes de chips correm para aumentar a capacidade de produção. Desse modo, a Intel anunciou investimentos robustos na construção de novas fábricas. Assim, parte da estratégia batizada de IDM 2.0 prevê o investimento inicial de US$ 20 bilhões para a construção de duas plantas no estado do Arizona, nos Estados Unidos. A empresa também criou uma unidade de negócio para ganhar eficiência no processo de fabricação. Mesmo assim, os resultados não devem aparecer imediatamente.

A fabricante finlandesa de equipamentos de telecomunicações Nokia disse esperar que a escassez global de semicondutores diminua ainda este ano, já que divulgou lucro operacional trimestral que superou as expectativas do mercado. “A direção-geral da indústria de semicondutores é positiva no momento, mas continuamos a ter restrições no segundo trimestre”, reportou o presidente-executivo Pekka Lundmark. 

A ABB, empresa que trabalha em tecnologias de energia e automação, grande fornecedora de tecnologias de energia da indústria automotiva, disse que os gargalos de chips semicondutores estavam diminuindo ao divulgar seus lucros do 2º trimestre. A empresa, com sede na Suíça, que concorre com a alemã Siemens e com a francesa Schneider Electric, é vista como um barômetro da economia global com seus sistemas de controle e motores usados ​​na indústria de transporte e fábricas. Ela prevê um crescimento de receita comparável de dois dígitos nos próximos três meses. Pois o aumento da oferta de chips significa estar apta para fornecer robôs, motores e drives de fábrica encomendados pelos clientes.

Schneider Electric

A Schneider Electric, multinacional francesa especializada em produtos e serviços para distribuição elétrica, controle e automação, presente em 190 países, com mais de 205 fábricas e mais de 105 mil funcionários, ainda sofre com os efeitos da escassez global de semicondutores, sobretudo, microcontroladores, principalmente na sua fábrica de medidores de energia, no Canadá.

Segundo Pedro Dias, diretor de marketing e vendas da Metrum – empresa integradora dos produtos Schneider no Brasil – a normalização do fornecimento de equipamentos ainda está longe de ser alcançada. Entretanto, espera-se que uma medida paliativa, como o fornecimento em lotes escalonados, minimize os impactos da escassez global de semicondutores. Contudo, é fundamental que esse uso seja realizado de maneira racional, priorizando aplicações críticas e que estejam inseridas nos prazos regulatórios.

Fontes: Agência Reuters, jornal O Tempo, CNN Brasil e Bloomberg.